Ariana saiu da água
e foi, com os pés,
conferindo o graduado da areia
que ia da rapadura ao açúcar.
Ao longe, no mar de águas,
tubarões.
Ao longe, no mar de gentes,
sabe-se lá o quê.
Sob o mesmo sol que cintila na água
Ariana adormece e sonha.
Um vendedor negro aproxima-se
e parece querer comê-la
enquanto oferece os seus produtos:
“anéis de pedras pintadas,
água de coco,
colar de conchas . . .”
Ariana acorda de sobressalto
quase mastigada pelos dentes brancos
daquele filho de Deus.
O negro repete os seus produtos.
Ufa! Não era um assalto.
Ariana sente-se quase tranqüila,
mas ainda ia demorar um tempo
para habituar-se ao novo Brasil.