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Numa Praia em Santos

José Roberto Sechi

Ariana saiu da água

e foi, com os pés,

conferindo o graduado da areia

que ia da rapadura ao açúcar.

 

Ao longe, no mar de águas,

tubarões.

Ao longe, no mar de gentes,

sabe-se lá o quê.

 

Sob o mesmo sol que cintila na água

Ariana adormece e sonha.

Um vendedor negro aproxima-se

e parece querer comê-la

enquanto oferece os seus produtos:

“anéis de pedras pintadas,

água de coco,

colar de conchas . . .”

 

Ariana acorda de sobressalto

quase mastigada pelos dentes brancos

daquele filho de Deus.

O negro repete os seus produtos.

Ufa! Não era um assalto.

 

Ariana sente-se quase tranqüila,

mas ainda ia demorar um tempo

para habituar-se ao novo Brasil.